Jornalismo ao pormenor

Vitória sorri para África

Ao quinto dia, o primeiro gesto de simpatia para com África. Já concedera semelhante honra a “Homens” de outras árvores genealógicas, mas nenhuma com raízes africanas. Vitória nunca se importou de mostrar seu resplandecente sorriso aos “outros”. E é inegável a sua predileção pelos europeus. Ainda assim, abriu já exceções para americanos e asiáticos. Desta vez, a benevolência estendeu-se ao continente negro.

Não é que ela tivesse agido com indiferença com os demais africanos. Acusar-lhe de frieza seria um gravíssimo erro de avaliação. A Vitória é incrível e seus gestos só podem demandar elogios. Sucede, porém, que os representantes africanos nunca a trataram com a necessária delicadeza. Egípcios, Marroquinos, Nigerianos e Tunisinos mostraram-se incapazes de concedê-la algum calor. Por conta disto, e para não ver seu sorriso definhar perante o gélido frio russo, preferiu ela sorrir para os outros.

Mas isso parece ser coisa do passado. Ou poderá vir a sê-lo, se os africanos tomarem os senegaleses como exemplo. É preciso dizer, valha a verdade, que não foram tão românticos quanto se podia exigir. Mas aqueles rapazes, bem orientados por Aliou Cissé, demonstraram uma das mais sublimes qualidades de um cavalheiro: A valentia.

Pela valentia e pela audácia, foram os africanos premiados. A Vitória, que tem uma enorme queda pelos europeus, ousou virar-lhes as costas e escolheu Thiago Cionek – autor do auto-golo aos 37 minutos – para que fosse o rosto dessa traição. Astutos, os cavalheiros capitaneados por Sadio Mané mostraram um comportamento tão aguerrido quanto sadio, tendo a protecção da Vitória no topo de suas prioridades.

Foi assim que Senegal conseguiu mantê-la em seus braços, tendo desfrutado o intervalo ao seu lado, entre sorrisos e abraços no balneário. Após o recreio, os polacos tudo fizeram para ganhar a simpatia da fada. Perante dificuldades de se aproximar dos seus aposentos, optaram por correspondências aéreas. Sem resultado, no entanto, sobretudo quando os senegaleses deram mais uma prova de amor e lealdade (Golo de M’Baye Niang 60’) à cada vez mais encantada Vitória.

Desencantada não mais ficaria a dama, apesar de os polacos terem mandado uma missiva de declaração de boas intenções. O conteúdo da carta (Grzegorz Krychowiak 86’) até chegou a plantar dúvidas no coração da diva em disputa. Mas nunca chegaram a germinar. A Vitória escolheu Senegal. A Vitória escolheu África. E os africanos correspondem ao seu sorriso com euforia.

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