Jornalismo ao pormenor

Sessenta por cento de moçambicanos já tem energia, mas os outros 40 a querem para ontem

A Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM), anunciou recentemente que 61% da população já tem acesso à energia eléctrica no país. Este marco foi alcançado num ano em que a empresa conseguiu realizar 412 mil novas ligações, superando em 103% a meta estabelecida para 2024. No entanto, mais do que celebrar os números, a EDM tem agora o desafio de, de forma estratégica, dar resposta às inúmeras reivindicações que despontam de vários cantos do país com particular incidência para a região sul do país, onde as comunidades a exigirem a ligação imediata de energia.

Em 2024, o Governo estabeleceu para a EDM a meta de 350 mil novas ligações. No entanto, o Conselho de Administração colocou a si próprio a meta de 400 mil, tendo ultrapassado em mais de 12 mil, recorde registado há 31 de Dezembro de 2024.

Este marco resulta do esforço que a EDM está a empreender na expansão da Rede Eléctrica Nacional (REN) na simplificação dos processos de contratação e redução do tempo de espera para as novas ligações, no âmbito da iniciativa do Governo de Moçambique, “Energia Para Todos”, que visa alcançar a meta do Acesso Universal à Energia Eléctrica até 2030.

Com efeito, a EDM realizou 412.363 novas ligações, em 2024, contra 387,750 de 2023, totalizando 1,687,017, novas ligações desde 2020, ano de início da implementação do Programa Energia para Todos.

De acordo com o actual Director de Electrificação e Projectos e Gestor do Programa Energia para Todos na EDM , Sílvio Romeu, , a empresa realizou grandes investimento na expansão da Rede Eléctrica, tanto de Média, como de Baixa Tensão. “Nós tínhamos a meta de expandir a Rede de Média Tensão em cerca de 110 km, mas realizamos 380,26km. Em Baixa Tensão construímos 672,91 km de rede contra os 500 estabelecidos como meta, tendo igualmente sido montados 600 PTs contra 500 projectados”, frisou Silvio Romeu.

Reivindicações

Um pouco por todos cantos, sobretudo na região sul país, a população residente em zonas ainda não electrificadas tem estado a se levantar de forma sistemática, exigindo a electrificação das suas comunidades. As exigências se manifestam de várias maneiras, sendo a ameaça à infra-estrutura eléctrica e o bloqueio de estradas as mais comuns. Aliás, desde o início das manifestações pós-eleitorais, esta última tem sido o método mais usado pela população para reivindicar contra várias situações que lhe aponquenta: reposição da verdade eleitoral, primeiro; depois custo de vida; acesso a água e energia; entre outras.

Diante dessa situação, a EDM parece não ter ainda identificado a fórmula de acalmar os ánimos populares que dia-após-dia, saí à rua exigindo a expansão da rede eléctrica.

Esta semana, a população de Mahulane, no posto administrativo de Pessene, na província de Maputo, manifestou-se exigindo a corrente eléctrica na sua zona. Morradores de bairros como Chiboene, Mukapane, Ngolhoza, entre outros bairro têm feito o mesmo de forma constante. Em Xai-Xai, e em vários outros pontos da Província e Gaza, cenários semelhantes tem sido regulares.

O LupaNews sabe que uma das razões por detrás da reivindicações algo violentas da população tem que ver com a falta de cumprimento dos planos de electrificação a si apresentados pela própria EDM. Aliás, esse tem sido apontada como a principal causa das reivindicações. Ou seja, por quase todos os lados onde ocorrem exigências violentas de electrificação, houve primeiro uma promessa que não foi cumprida.

Lupa News sabe, igualmente, que  enquanto a situação não se resolve, a EDM continua a perseguir a meta de ligar energia a todos os moçambicanos até 20230, mas estes, já impacientes, querem a energia para hoje. (X)

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