
O ministro do Interior empossou esta semana novos oficiais da Polícia da República de Moçambique (PRM) e da Migração, prometendo rigor, ética e combate ao crime. Contudo, críticos questionam se estas nomeações representam um verdadeiro reforço à segurança pública ou se apenas cumprem um calendário político.
Entre palavras como “ética”, “profissionalismo” e “aprimoramento”, o discurso do ministro Paulo Chachine parece buscar legitimidade institucional num contexto de crescente desconfiança da população em relação às forças de segurança.
O reforço da Polícia Costeira com embarcações de grande porte foi destacado como resposta ao narcotráfico e terrorismo. Porém, a vigilância das águas territoriais continua frágil. Traficantes operam com relativa liberdade.
Ao mesmo tempo, a PRM é frequentemente acusada de uso excessivo da força, corrupção nos postos de controlo e atuação parcial em manifestações políticas. O ministro falou de “aprimorar a ética e disciplina”, mas faltou mencionar responsabilização, auditorias independentes ou mecanismos de queixa eficazes para os cidadãos.
As nomeações podem trazer alguma energia nova, mas enquanto não se atacar os vícios profundos da instituição, o risco é de se repetir o mesmo ciclo de promessas vazias e impunidade.