Morreu, no último Sábado (06 de Março), Domingos Macamo, um artista que em vida deu um contributo importante para o desenvolvimento da cultura no país. em uma conversa na Associação dos Músicos Moçambicanos em Maputo, Macamo manifestou uma vontade ferréa de mudar o rosto desgastado dos edifícios da associação nas províncias e dar dignidade a classe. Domingos Macamo morreu, no hospital Provincial de Maputo, vítima de doença, sem realizar este sonho.
Em vida notabilizou-se no mundo da música como vocalista do conjunto “Happy Man.” Foi, igualmente, Secretário-Geral da Associação dos Músicos Moçambicanos(AMMO). Era um homem que tinha um aspecto carismático, numa dessas conversas Lupa News soube que Domingos Macamo era colega e amigo pessoal de do músico fenomenal Alexandre Langa, por quem descrevia-o carinhosamente.
Para além de Secretário-Geral AMMO, Domingos Macamo foi Administrador não Executivo do Fundo de Desenvolvimento Artístico e Cultural(FUNDAC), trabalhou no extinto Instituto Nacional do Livro e do Disco (INLD).
No seu percurso Macamo abraçou outras tarefas tais como: Chefe de produção de espectáculos na FACIM, Chefe da RIFA e do Departamento Editorial da Rádio Moçambique(RM) e também membro capitalizador dos concursos musicais no Ngoma Moçambique e Top Feminino, tornando-se assim, uma figura de tarimba na indústria do entretenimento nacional.
Uma nota de condolências do Ministério da Cultura e Turismo sublinha que Macamo constitui uma referência incontornável no panorama da gestão cultural moçambicana, pois, soube agregar a liderança e o empresariado do sector em prol da cultura e de afirmação da moçambicanidade.
‘’A morte deste exímio artista na área cultural significa perda de um dos grandes gestores culturais, o que deixa um vazio irreparável no património cultural do país,’’ refere a mensagem de condolências do Ministério da Cultura e Turismo.
Um pedaço do perfil psicológico de Domingos Macamo, nas entrelinhas, em uma conversa sobre Alexandre Langa
Através de uma conversa que aconteceu em Dezembro de 2013, é possível ter um pedaço do perfil psicológico de Domingos Macamo, nas entrelinhas, em uma conversa sobre Alexandre Langa. Na conversa, onde Macamo fala do amigo pessoal, recorda-se do Langa como ‘’um homem com extrema facilidade para compor. Eu me recordo muito bem quando preparamos um álbum. Em um curto espaço de tempo ele já tinha preparado as suas músicas que iam fazer parte desse álbum.’’ Diz Domingos Macamo, um dos colegas de Alexandre Langa e actual Secretário Geral da Associação dos Músicos Moçambicanos (AMMO).
Nesta conversa, há 12 anos, Macamo continuou, na sua descrição: ″ Era um homem que conseguia descrever o quotidiano com todas as facilidades em assuntos como calamidades, prostituição, ladroagem .″
Segundo Domingos Macamo, Alexandre Langa incluindo sua geração cantou a revolução de forma voluntária, desenvolveu música genuinamente moçambicano num período em que o país era dominado pelos colonos que investiam para afastar o território da sua própria cultura.
Exemplos dessa revolução seu contemporâneo avança ″ Quando foi da vez da agressão do regime minoritário do Ian Smith compôs uma canção que era Smith wa pipoca, que dizer Smith está a ficar maluco. Essa canção mobilizou muita gente a ir lutar contra o regime de Ian Smith. Ele fazia exortação para que as pessoas fossem ajudar o povo de Zimbabwe. Sobre futebol tem uma canção que se chama Prefiro Ir ao Futebol – porque lá hei-de ir ver futebol/ jogadores/Vou me divertir do que estar a ver o que está a acontecer aqui. Era uma forma de criticar os males que acontecem na sociedade. ″
Diz-se que é possível ter uma ideia sobre o traço psicológico do indivíduo se se prestar atençao sobre como este indivíduo fala do outro. Fica claro que, aqui, é possível ter o outro lado de Domingos Macamo, muitas vezes não revelado.