
Na cerimónia de tomada de posse de novos oficiais da Polícia e da Migração, o Ministro do Interior, Paulo Chachine, discursou com tom optimista sobre reformas e “refrescamento de lideranças”. No entanto, questiona-se se há de facto mudanças estruturais ou apenas movimentações internas para manter o status quo.
Num discurso marcado por exaltações à “dedicação” e “patriotismo” dos nomeados, o ministro Chachine apontou para a necessidade de profissionalizar os recursos humanos, combater o narcotráfico e reforçar a fiscalização migratória. No entanto, as promessas de modernização contrastam com a falta de menção a indicadores concretos de desempenho ou metas públicas a serem atingidas.
O uso de expressões como “gestores devem tomar decisões informadas” e “eliminar intermediação na migração” soa bem em discursos, mas esbarra na realidade de instituições marcadas por nepotismo, corrupção e impunidade. O termo “refrescamento” parece mais uma tentativa de rebranding (reformulação da marca) do que uma transformação institucional.
A ausência de mecanismos independentes de avaliação e fiscalização torna as boas intenções difíceis de acreditar. Sem rupturas com práticas antigas e sem responsabilização, a ideia de renovação pode não passar de um ritual político.