Jornalismo ao pormenor

Mara Cancune questiona o tipo de autonomia económica que o País construiu ao longo dos 50 anos

Conferência da ANJE

No segundo Painel da Conferência organizada pela Associação dos Jovens empresários de Moçambique (ANJE), ontem, em Maputo,  com tema “50 Anos Depois: Lições da Independência e Caminhos para Autonomia Económica” a Vice-Presidente da organização, Mara Cancune, foi convidada a falar sobre Estabilidade Institucional tendo sublinhado que celebrar 50 anos de independência é celebrar a liberdade com que muitos moçambicanos presentes e ausentes sonharam, lutaram e conquistaram com um trabalho muito árduo.

Na ocasião Mara Cancune deixou ficar algumas perguntas de reflexão. “Que tipo de autonomia económica construímos nestas cinco décadas? E o que falta cada um de nós fazer para consolidá-la de forma inclusiva e que ao mesmo tempo, no final, seja sustentável?”

Falando sobre Estabilidade Institucional a Vice-Presidente da ANJE avançou: “Não existe riqueza, não existe instituição bem sucedida, não existe patrimônio bem entregue. Se nós não tivermos uma estrutura sólida de gestão de pessoas de forma estratégica para entregar resultado, para aquela matéria transformar-se em produto acabado. A segunda peça essencial é a questão de instabilidade institucional.

Falando sobre capital humano recordou que Moçambique tem 70% de população jovem. “É uma vantagem demográfica gigantesca, mas essa vantagem demográfica não se está a configurar em aproveitamento para transformar-se em vantagem econômica. Portanto, precisamos trabalhar, e há desafios.”

A Vice-presidente sublinhou que um dos desafios está relacionado com a qualidade da Educação. “Se não tem condições em Moçambique o seu filho não estuda na escola privada.

Não há educação. É preciso resolvermos isto. Nosso sistema de educação é muito fragilizado.

 Hoje em dia, as pessoas trabalham para pagar as escolas dos seus filhos. Nós já não trabalhamos por outra coisa. É para pagar as escolas, simplesmente, porque o nosso sistema de educação público não está tendo conto com os desafios que são impostos do serviço público.”

Como desafio urge trabalhar “em políticas que comecem a favorecer essa questão de priorizarmos o nosso sistema de educação público para conseguirmos ter um ambiente educacional melhor.

Outro desafio está relacionado ao acesso de formação profissional e técnica contínua. “Sobre  o acesso à formação profissional, nem precisamos sair do Maputo. As pessoas não têm acesso a um simples dicionário de palavras que permitem ter uma oratória básica para conseguirem colocar as suas ideias na mesa para que essas ideias gerem frutos e resultados. Portanto, penso que devemos trabalhar nessa questão de formação profissional não só a nível da cidade, mas em todas as zonas do País.

Outro desafio relaciona-se com o facto da maioria dos talentos não estar a ser absorvida pelo sector público. “Todos queremos trabalhar no sector privado. Então, penso que é importante nós trabalharmos na forma como as políticas públicas estão reformuladas para garantirem que é uma exequível e assertiva para talentos no sector público.”

Mara Cancune  sugere, igualmente, que o Estado e outros actores invistam em “ecossistemas de inovação e talento onde ideias locais possam florescer de certa forma com apoio, investimento, direitos colaborativos.”

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