Dos 11 cidadãos que submeteram candidatura, seu nome não só continuou para os quatro que foram admitidos pelo Conselho Constitucional como tendo reunido os requisitos para a eleição ao cargo de Presidente da República, no dia 9 de outubro de 2024, como também está na primeira posição na ordem, consequente do sorteio realizado no dia 26 de junho. Trata-se de Lutero Simango de 64 anos de idade, nascido no distrito de Machanga, na Província de Sofala, no dia 7 de Fevereiro de 1960.
A pesquisa “Candidatos às VIIª Eleições Presidenciais – Uma análise do percurso político” da autoria de Dércio Alfazema, analista político, explica que ao conseguir se eleger pode ser o primeiro candidato da oposição a conseguir tal feito. Até agora somente candidatos da FRELIMO é que ganharam eleições presidenciais em Moçambique.
Em jeito de nota biográfica, “Candidatos às VIIª Eleições Presidenciais – Uma análise do percurso político” avança que Lutero Simango é filho de Urias Timóteo Simango, um dos membros fundadores que chegou a ocupar o cargo de Vice-Presidente da FRELIMO, Lutero fez ensino primário em Dar-es-Salaam, Tanzânia, estudou em Cairo, no Egipto, na cidade da Beira e formou-se em engenheira mecânica na Universidade Eduardo Mondlane em 1989. Lutero Simango iniciou a sua carreira profissional em 1988 na empresa Cimentos de Moçambique, tendo assumido funções direcção nas unidades fabris da Matola (província de Maputo) e Dondo (província de Sofala).
Desde a introdução do multipartidarismo tem participado de forma activa na política. Antes de chegar no MDM, foi membro do Partido de Convecção Nacional (PCN), fundada pelo seu pai em 1974 depois de ter saído da FRELIMO.
Através do PCN fez parte da coligação RENAMO União Eleitoral e por esta via entrou na Assembleia da República como deputado. Chegou a ser o coordenador da União Eleitoral. É membro do parlamento de forma ininterrupta desde o ano 2000, sendo que fez dois mandatos pelo partido RENAMO e três pelo MDM. Lutero Simango é Chefe da Bancada parlamentar do MDM ao longo dos três mandatos que o partido está no parlamento, e consequentemente membro da Comissão Permanente da Assembleia da República.
De 2000 a 2009 foi membro do Fórum da SADC, foi observador eleitoral em vários países da região, como Zimbabwe, Tanzânia, Zâmbia e Malawi. Foi membro da Rede Parlamentar do Banco Mundial e Membro Conselheiro da Agenda de Desenvolvimento 2025 de Moçambique.
É membro fundador do MDM e foi membro da Comissão Política Nacional de 2009 a dezembro de 2021 altura em que foi eleito presidente do partido na sequência da morte por doença, do líder e fundador do partido, Daviz Simango, por sinal seu irmão.
Na liderança do MDM, Lutero tem estado focado na união do partido promovendo a coesão interna através de diálogo. Depois de sucessivas crises que o MDM sofreu com a saída de quadros para outros partidos, com a sua liderança percebe-se uma tendência a se estabilizar. Nas eleições autárquicas de 2023 conseguiu assegurar uma vitória confortável no Município da Beira e aumentou o número de membros nas assembleias municipais em todo o país.
Esta é a primeira vez que Lutero se expõe a um processo de eleição multipartidária onde tem de pedir votos a seu favor. Ao longo do seu vasto percurso político foi sempre eleito num modelo de listas partidárias para a Assembleia da República. É a primeira vez que o seu nome vai constar do boletim de votos.
É tido como um político aberto e que sabe estar na política. Como chefe da Bancada parlamentar do MDM esteve bastante exposto ao debate político apresentando posicionamentos firmes, mas sempre num tom comedido. É um político inteligente e bastante responsável nas suas abordagens.
Conhece os grandes desafios políticos, económicos e sociais do país e tem participado activamente no debate sobre os temas candentes do país. É defensor da inclusão, diálogo e da reforma constitucional com vista a reduzir os poderes do Presidente da República
e reforçar a separação de poderes. Defende maior transparência na gestão do bem público, mantendo firme a necessidade de criação de um Tribunal de Contas. Defende ainda a revisão da legislação fiscal e a redução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), como forma de aumentar o poder de compra e permitir uma maior circulação de moeda. No que diz respeito a governação, tem defendido uma descentralização mais efectiva que possa conferir maior autonomia e poderes aos órgãos eleitos ao nível da província e município.