Jornalismo ao pormenor

Intermediação e corrupção minam serviços migratórios em Moçambique

Migração, entre discurso e realidade

No seu mais recente discurso, o ministro do Interior, Paulo Chachine, apontou a intermediação como um dos principais entraves à eficiência dos serviços migratórios. Mas o problema vai além de “atravessadores”: é estrutural e envolve agentes públicos.

Ao empossar novos quadros do SENAMI, o ministro Chachine advertiu contra a intermediação que “encarece sobremaneira” o acesso a documentos migratórios. O alerta é importante, mas não é novo. Há décadas, cidadãos moçambicanos enfrentam um sistema onde “custa mais resolver com o Estado do que com o mercado negro”.

A realidade é que muitos dos atravessadores operam com conivência de agentes dentro do próprio sistema. Assim, combater apenas o fenómeno visível, sem investigar e punir os seus promotores internos, é atacar os sintomas e ignorar a doença.

Além disso, a digitalização e desburocratização dos serviços migratórios continuam lentas. Em países vizinhos como Ruanda ou Botswana, a emissão de documentos é rápida, digital e quase sem contacto físico, o oposto do que se vive em muitos balcões de atendimento em Moçambique.

Deixe uma resposta