
O Governo de Moçambique assinou um memorando de entendimento com a empresa Vitol, assegurando o fornecimento de combustíveis por um período de 12 meses. A iniciativa tem como objectivo estabilizar o mercado interno e aliviar a crise cambial que o país enfrenta actualmente. Apesar de algumas críticas que apontam falta de transparência na contratação, o Executivo defende que a medida foi a melhor solução diante da escassez de divisas e da crescente pressão sobre as importações energéticas.
O acordo prevê o fornecimento de aproximadamente 2,3 milhões de toneladas métricas de combustíveis, incluindo 580 mil toneladas de gasolina, 172 mil toneladas de gasóleo e 100 mil toneladas de Jet A1, além de uma reserva adicional de até 18 mil toneladas de gasóleo por ano. A Vitol disponibilizará uma linha de crédito de 600 milhões de dólares (cerca de 37,8 bilhões de meticais), com pagamento diferido em até 150 dias após a descarga de cada carga.
Segundo o memorando, o prazo de 12 meses foi definido para permitir ao país recuperar a liquidez, estimular exportações e facilitar a emissão de garantias bancárias, essenciais para o pagamento das importações. O objectivo é que, durante esse período, o sistema bancário possa operar de forma mais eficiente, ajudando a superar a crise de divisas.
Críticas e justificativas
Alguns operadores do sector de combustíveis criticaram a contratação da Vitol, alegando que o processo não foi transparente e foi realizado de forma obscura. No entanto, o Governo nega essas alegações, afirmando que o processo seguiu procedimentos normais e transparentes. Uma fonte oficial explicou que a escolha da Vitol foi resultado de concursos públicos realizados a cada seis meses, conduzidos pela IMOPETRO, órgão responsável pela contratação de fornecedores de combustíveis.
O Executivo destacou que, diante da actual escassez de divisas — que impacta as reservas internacionais, já classificadas como insuficientes para manter o padrão de crédito do país — a parceria com a Vitol foi a alternativa mais viável. A empresa assumiu o compromisso de garantir o abastecimento, evitando uma dependência excessiva do mercado interno de divisas, que estão em níveis críticos.
A fonte também reforçou que o sector de combustíveis representa uma das maiores saídas de divisas do país, consumindo cerca de 100 milhões de dólares por mês, o que aumenta a pressão sobre a balança cambial. Assim, a medida visa criar um período de estabilidade para que o país possa se reorganizar e buscar fontes alternativas de entrada de divisas.
Por fim, o Governo garante que o contrato com a Vitol é uma solução temporária e que as ações de contratação seguem procedimentos normais e periódicos, reforçando a transparência do processo e o compromisso de garantir o abastecimento de combustíveis no país durante este período de crise.