Em duas ocasiões diferentes, o Governo pronunciou-se ontem sobre o terrorismo que afecta centenas de milhares de moçambicanos, mas sem dar informações substanciais. Primeiro foi o Presidente da República que apareceu a dizer que há uma coordenação internacional para acabar com o terrorismo em Cabo Delgado.
Falando na cerimónia de graduação dos oficiais formados pelo Instituto Superior de Defesa Tenente-General Armando Emílio Guebuza (ISEDEF), Filipe Nyusi disse que o terrorismo não se combate unilateralmente, por isso o Governo está “a trabalhar bilateralmente com os países da Europa, da América, da Ásia, da África, incluindo da região SADC, e há actos concretos que estão a decorrer”.
Entretanto, o Presidente da República não detalhou que tipo de “trabalho bilateral” está em curso e com que países, e muito menos precisou a natureza dos tais “actos concretos” que estão a decorrer. Até aqui, os moçambicanos só têm conhecimento do pedido formulado pelo Governo à União Europeia, através de uma carta de 16 de Setembro assinada pela Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo.
É interessante notar que os moçambicanos só tomaram conhecimento deste pedido através da imprensa que teve acesso à carta por vias oficiosas. Isto é, não foi o Governo que tomou a iniciativa de informar (directamente ou por via da Assembleia da República) os moçambicanos sobre a solicitação, pois a chefe da diplomacia nacional só apareceu para confirmar o que a imprensa já tinha avançado.
Enquanto o apoio solicitado à União Europeia não chega para conter o avanço dos terroristas, o Presidente da República fala do trabalho que está sendo feito com “países da Europa, da América, da Ásia, da África, incluindo da região SADC”, mas não especifica as acções em curso. Mais uma vez, o Governo volta a falhar no seu dever de manter os cidadãos devidamente informados sobre as decisões que toma para repor a estabilidade em Cabo Delgado.
Texto: CDD
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