Emoção generalizada por toda África e, ao que se sabe, também em uma parte da América latina. Essa emoção tem apelido: Nigéria. Mas hoje, em particular, tem um nome a anteceder o apelido: Mussa. É daqui que emerge o título deste texto. A palavra Emuss(a)ionante não existe na língua portuguesa. Contudo, depois dos prodigiosos feitos de hoje, talvez valha a pena incorporá-lo no dicionário de futebolês. Entusiasmado com a ideia, e porque crente numa opinião favorável de Gian Infantino, coloquei o meu cérebro a ensaiar a definição. E o pensamento menos estúpido que consegui produzir foi esse:
Emuss(a)ionante – Palavra que designa emoção causada por um Mussa.(EU 2018)
O único problema é o facto de não haver muitos Mussas com apetência para jogar futebol. Poucos ainda são os que têm apetência para ter talento. Faz-se necessário, por isso, tomar algumas medidas para que esta bela palavra não caia no desuso pelas próximas gerações. No conforto da minha estupidez, pensei numa ideia para solucionar o já identificado problema: A FIFA deverá impor, por decreto, que, tal como nas mesquitas, os miúdos das acedemias tenham nomes de “trabalho”. Os mais virtuosos deverão chamar-se Mussa. Os carenciados em talento que se contentem com nomes condizentes: Filipe Augusto, Marega, Joao Mazive, etc.
Ou se avança com essa legislação, ou a presença deste “conceito” no dicionário será apenas cosmética, tal como se chegou a presumir que seria a participação da Nigéria neste mundial. Se a primeira prestação terá servido para consolidar essa ideia, a desta tarde marca uma radical mudança de perspectiva. Um volte-face da massa critica que assenta, sobretudo, na forma como os nigerianos se apresentaram no segundo tempo, contrariando uma primeira parte que parecia a extensão do jogo anterior.
As “super-águias” só enxergaram ao intervalo o quão previsíveis e inconsequentes tinham sido na primeira metade. Circulação de bola feita a passo de camaleão, com Obi Mikel e Ndidi a se mostrarem incapazes de se desenvencilhar da forte pressão islandesa na segunda zona de construção. Isso resulta em seis remates da Islândia, dois deles enquadrados com a baliza. Do lado africano: zero. A etapa complementar foi diametralmente oposta. A Nigéria volta pressionante, rápido na circulação da bola e com muito…MUSSA.
Após recuperação de bola no primeiro terço, a bola chega aos pés de Victor Moses. O lateral/extremo do Chelsea galga metros e assiste o 7 que faz 1-0. A assistência é fantástica, o golo é magnífico mas a recepção é qualquer coisa de outro mundo. O gesto técnico, para além de permitir o controlo do esférico, tem o condão de tirar o adversário do caminho. Genial!
Estava lançado o repto. A Islândia vê-se obrigada a atacar e, nesse processo, abre espaços, que são aproveitados pela Nigéria para semear pânico. Do meio da rua, Mussa ainda obriga o guardião islandês a fazer a defesa da noite. Mas nada pode fazer quando o mesmo Mussa, aos 75’, e numa grande jogada individual, carimba o triunfo Nigeriano. Triunfo que pareceu ameaçado quando, a dez minutos do fim, e após intervenção do vídeo-árbitro, é assinalado um pênalti contra Nigéria.
A Las Nubes Sigurdsson manda a bola para as nuvens, para onde também foram os nigerianos de tanta alegria. Tarde Emuss(a)ionante que também foi festejada pela selecção das “Pampas”. É que a Argentina volta a ter fortes hipóteses de se qualificar, tal como a própria Nigéria. Na ultima jornada da fase de grupos, os dois conjuntos terão um frente a frente que se advinha frenético.