
El Niño afecta produção da Hidroeléctrica de Cahora Bassa
A produção de energia da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) está a enfrentar um impacto sem precedentes, tendo registado apenas 10,3 gigawatts-hora (GWh) devido à “seca severa” que assola a bacia do rio Zambeze, desde o final de 2023.
O fenômeno climático El Niño está na raiz dessa crise, provocando uma seca extrema que compromete de forma conclusiva a capacidade de geração de energia da hidrelétrica.
O presidente do Conselho de Administração da HCB, Tomás Matola, diz que “esta é a seca mais severa dos últimos 40 anos”. “Não se trata de um problema de gestão da água, mas sim de um fenômeno natural que está além do nosso controle”, disse o Matola durante a Conferência Internacional dos 50 Anos da HCB, realizada nesta quarta-feira (21), em Maputo, sob o tema “Ontem, Hoje e o Futuro – Uma Empresa Estratégica”.
A seca não apenas ameaça a produção de energia, mas também desafia a resiliência de uma das maiores empresas estratégicas do país, lembrando-nos da força implacável da natureza e da necessidade de nos prepararmos para um futuro de incertezas climáticas.
Apesar da redução acentuada da produção, a HCB continua a assegurar o fornecimento mínimo de energia aos seus principais clientes: África do Sul, Maláui e Zimbabué. A decisão de reduzir a produção foi tomada com base em modelos científicos, com o objectivo de garantir a sustentabilidade da barragem até à próxima época chuvosa.
“Os modelos indicam-nos que, com esta produção reduzida, conseguimos manter a operação até ao início da próxima estação das chuvas, sem comprometer a segurança da barragem”, explicou Matola. O responsável adiantou ainda que o nível de armazenamento da albufeira pode descer até aos 20%, sem colocar em risco o funcionamento da hidroeléctrica.