Contra a Colômbia, a Inglaterra surpreendeu a todos, ao mostrar que já sabe chutar grandes penalidades. Hoje, diante da Suécia, os pupilos de Sothgate carimbaram mais uma surpresa, ao garantir a qualificação para as meias-finais do mundial.
E o termo “surpresa” ganha sentido porque já há muito a selecção da terra de sua majestade não chegava tão longe. Na última década, os ingleses tiveram Gerard, Lampard, Terry, Rooney, entre outros ilustres futebolistas. Ainda assim, nunca constituíram ameaça, porque o seu trajecto em fases finais era mais curto que as mini-saias.
Se nos fiarmos apenas na produção nesta edição do mundial, a referência a “surpresa” torna-se um exercício de exaltação a incoerência. Com uma equipa totalmente jovem, os ingleses têm apresentado um futebol aprazível de se ver. À isso, adicionam ainda uma grande capacidade de resiliência, como se viu nos quartos de final, ante a Colômbia.
Na Arena de Samara, diante de um adversário de quem não se esperava tanto, a Inglaterra controlou o jogo como outrora controlou as colônias em África. Anulou por completo as armas suecas que, durante os primeiros 45 minutos, pareciam desprovidas de munições. Em meia hora, Harry Maguire já se tinha dado conta dessa total letargia dos nórdicos. Por isso aventurou para a área adversária para corresponder da melhor forma à um canto de Ashley Young. Primeiro golo do jogo. Primeiro golo do central do Leicester pela selecção.
Até ao intervalo, viu-se mais do mesmo. Mais do mesmo do jogo e do mundial de…Sterling. O jogador do Manchaster City deu mais uma prova, se dúvidas houvessem, do seu mau estado de forma. O 10 banaliza um tremendo passe de Jordan Henderson, ao desperdiçar uma excelente ocasião só com o guarda-redes pela frente.
Na segunda metade surge PickFord, de quem ninguém dera conta na etapa inicial. A cada jogo, o jovem do Everton vai formalizando a sua candidatura à guarda-redes do torneio. Estavam ainda a sentar-se os adeptos nas bancadas da Arena de Samara quando o guardião evita o empate com uma defesa fenomenal.
O susto serviu para mover os ingleses a irem à procura do segundo, e conseguiram-no com relativa tranquilidade. Se o primeiro surge da cabeça do implacável Maguire, desta vez foi a cabeça de Dele Ali que transportou o sonho inglês, meia hora depois do tento inaugural. Meia hora é o tempo que restava para o fim do encontro. Uma metade em que valeu a plenitude dos reflexos de PickFord para evitar as esperanças nórdicas renascessem. A defesa que rubrica perto do fim é absolutamente monumental.
Quando se viu a vencer por 2-0, a Inglaterra perdeu interesse pela vertigem. Mas estará, certamente, vertiginosamente interessada em conhecer o próximo obstáculo. As 20h de Maputo, começa a desenhar-se o destino. As cores serão croatas ou russas. Logo se vê!