Jornalismo ao pormenor

Cabo Delgado: terroristas travados à entrada da vila de Macomia

Depois do assalto que realizaram em finais de Maio, os terroristas tentaram, na noite de quarta-feira, mais uma invasão à vila sede do Distrito de Macomia, no centro da Província de Cabo Delgado. No ataque de Maio, os terroristas assaltaram a vila de Macomia numa noite de quarta-feira e só saíram dois dias depois, deixando um rasto de destruição e mais de 10 civis mortos. Mas desta vez a tentativa de assalto foi repelida pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS) posicionadas naquela sede distrital atravessada pela Estrada Nacional Nº 380 – que liga a capital Pemba ao epicentro das operações petrolíferas em Palma1 .

Antes de tentar uma incursão à vila, os terroristas atacaram a aldeia de Nacate, localizada a 16 quilómetros da sede distrital. Várias casas foram queimadas e uma pessoa morreu carbonizada. Aliás, nas últimas semanas aldeias do litoral do Distrito de Macomia foram alvo de ataques terroristas, com o saldo a apontar para pelo menos 20 pessoas assassinadas, dezenas de casas queimadas e vários produtos roubados.

Por exemplo, de 30 de Setembro a 8 de Outubro, um grupo de terroristas ocupou o Posto Administrativo de Mucojo e a partir deste ponto fez várias incursões nas aldeias de Naunde, Darumba, Manica, Rueia, Goludo, Pangane, Nambo, Messano, Runho, Muituiro e na Ilha Mais. Em Pangane, um dos maiores centros comerciais do litoral de Macomia, os al- -Shabab, como são conhecidos localmente, mataram sete pessoas, incluindo dois membros das FDS, e saquearam casas e estabelecimentos comerciais. “Levaram uma viatura e queimaram duas depois de terem sido usadas para o transporte de mercadoria e vários bens roubados até à zona de Quiterajo. Em Pangane roubaram também barcos a motor, motores de embarcações e queimaram muitas casas. Os al-Shabab usaram cinco barcos a motor para transportar os bens roubados e seguiram em direcção à Mocímboa da Praia”, contou um sobrevivente. Na aldeia Rueia foram confirmados seis mortos e em Manica foram encontrados cinco corpos. “Além de mortes, houve muita destruição nas duas aldeias. Os al-Shabab roubaram muitas motorizadas. As pessoas estão a abandonar as aldeias e caminham cerca de 50 quilómetros até à vila de Macomia. Não há transporte”.

Na vila de Macomia, os deslocados estão acomodados em casas de familiares/conhecidos e outros na Escola Primária de Nanga A. Há ainda os que seguem para outros distritos de Cabo Delgado e Nampula, devido à falta de assistência humanitária. Na manhã de sexta-feira, os terroristas voltaram a atacar o Posto Administrativo de Olumbe, que fica a cerca de 100 quilómetros de Afungi, local onde decorrem as operações petrolíferas lideradas pela francesa Total. Não houve registo de vítimas mortais, mas o clima de insegurança levou muitos habitantes locais a procurar refúgio na vila de Palma. A chegada massiva de deslocados na vila de Palma colocou em alerta as FDS devido a eventuais casos de terroristas infiltrados. Na última semana, as FDS apreenderam armas em residências na vila de Palma, o que reforça a tese de infiltração de terroristas usando seus familiares.

Texto:  CDD –Centro para Democracia e Desenvolvimento

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