Como forma de contribuir na mitigação da violência baseada no género, a Universidade Pedagógica de Maputo (UPMaputo) e a Visão Mundial organizaram no Campus Universitário de Lhanguene um debate sobre “O papel da academia no combate a violência baseada no género ”. O evento teve como objectivo agregar sinergias entre a academia, sociedade civil, governo e parceiros, para além de reflectir e buscar mecanismos de prevenção à Violência Baseada no Género (VBG), assédio sexual e outros males relacionados, nas instituições de ensino.
Dois painéis constituíram as mesas redondas, tendo o primeiro se ocupado do tema, “a partilha de experiências na coordenação e pesquisa na área de género e combate à violência baseada no género”, com participação da UP-Maputo, Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Universidade Católica de Moçambique (UCM), e Universidade de Dar Es Salam.
O segundo painel discutiu o tema, “Prevenção e resposta ao assédio sexual no sistema de ensino”, moderado pela Doutora Rabeca Matimbe, assesssora do Provedor de Justiça. A jornada terminou com a apresentação do “Mecanismo de denúncia e acompanhamento de casos de violência baseada no género”, pela Mestre Mery António.
Na sua intervenção o Prof. Doutor Jorge Ferrão, reitor UPMaputo, disse que a violência baseada no género é um problema de direitos humanos e de saúde pública, que resulta em danos físicos, psicológicos e afecta milhões de moçambicanos na maioria do sexo feminino, e a academia deve promover a busca de soluções para estancar este mal.
Para sustentar seu discurso, Ferrão recorreu ao último relatório apresentado pelo Centro de Integridade Pública, que revela que pelo menos vinte e um mil casos de violência baseada no género ocorrem por ano em Moçambique, sendo que, quarenta porcento de mulheres são vítimas de violência física e sexual.
Por sua vez a representante da Visão Mundial, Adelaide Ganhane, disse que a violência baseada no género constitui um perigo nas instituições de ensino devido ao défice de políticas e outros instrumentos legais para estancá-la.
A fonte referiu ainda que das formas mais recorrentes daquele fenómeno, o assédio sexual é o que maioritariamente atinge as mulheres e raparigas, o que pode afectar a sua vida académica, podendo contribuir para sua desistência escolar ou baixo aproveitamento. “Foi com base na realidade vivida pela população, sobretudo feminina moçambicana, que a Visão Mundial viu a necessidade de investir no combate à violência baseada no género, juntando-se à academia”, disse.
O evento culminou com a inauguração do mecanismo de denúncia de casos de violência baseada no género, acto presidido pelo reitor da UPMaputo e pela representante da Visão Mundial, directores de faculdades e outros convidados.
Texto: José Manuel Luís
Fotos: Daniel Bila
GCI – UPM