Peste Negra: Isaac Newton propôs que se usasse sapo em pó para curar a doença

TEXTO: BERNARDINO NAVURULA

O “melhor é um sapo suspenso pelas patas numa chaminé por três dias até que vomite”, “combinado com sapo em pó”, sugeriu o cientista numa série de apontamentos que vão a agora à leilão.

A Peste Negra, também conhecida como Peste Bubónica, Grande Peste, Peste ou Praga, foi a pandemia mais devastadora registada na história humana, tendo resultado na morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia, atingindo o pico na Europa entre os anos de 1347 e 1351.A peste negra tem sua origem no continente asiático, precisamente na China.

Em 1665, quando a Peste Negra regressou a Londres, provocando a morte de 100 mil pessoas no espaço de um ano, Isaac Newton era um estudante no Trinity College, em Cambridge. Nesse ano, a universidade encerrou como precaução, só reabrindo em 1667. Quando regressou a Cambridge, Newton decidiu dedicar-se ao estudo da doença, através de uma análise atenta do livro De Peste, de Jan Batist van Helmont. Os apontamentos que tirou vão agora a leilão e em duas páginas nunca antes publicadas é possível encontrar as sugestões algo insólitas do cientista para combater a doença, que incluem uma mistura de vomitado de sapo com sapo em pó.

TENTATIVAS DE CURA

Na altura, muitas das alegadas curas contra a Peste passavam por tentar atrair a doença para fora do corpo. O documento elaborado por um grupo de médicos para ajudar a combater a “Peste Grande” de Lisboa de 1569 referia que, “para atrair o veneno”, podiam ser colocados de duas em duas horas sobre os bubões, os inchaços provocados pela doença, uma cebola assada “com a teríaca” (uma mistura de vários ingredientes que se julgava eficaz contra esta e outras doenças) e azeite de açucenas. Se o doente tivesse muitas dores, a cebola devia estar bem assada, “porque quanto mais se assar, mais mitiga a dor, e sempre tem virtude atractiva para o veneno ”. Em alternativa à cebola, podia usar-se um galo depenado vivo e polvilhado com sal moído.

As notas de Newton incluem ainda o relato do caso de um homem que tocou em “papéis pestilentos” e que “sentiu imediatamente uma dor semelhante à picada de uma agulha”. “Desenvolveu uma úlcera pestilenta no dedo indicador e morreu em dois dias.” Por essa razão, “lugares infectados com a peste deviam ser evitados”.

O leilão da Bonhams está a decorrer online até 10 de Junho. Estima-se que os manuscritos, que pertencem a um coleccionador privado, alcancem entre 71 a 107 mil euros.

Fonte: Observador.pt

coronavirusCuraPeste Negra
Comentários (0)
Adicionar comentário