No Fórum Africano de Filantropia, a decorrer em Joanesburgo, num debate sobre “a nova face da liderança em África”, Graça Machel disse que “qualquer nação deveria ter um pacto nacional com uma visão clara, objectivos bem definidos e resultados específicos a alcançar” com um relacionamento de confiança “mais próximo” entre sector público e privado.
“Muitas vezes, os governos têm as políticas, mas falta-lhes a capacidade de gestão na implementação das mesmas, e julgo que o sector privado empresarial poderia dar o seu contributo no sentido de ajudar a transformar políticas governamentais em resultados práticos que beneficiem os cidadãos.”
Na sua intervenção, Graça Machel destacou a Alemanha e as suas instituições públicas e não-governamentais como “exemplo de boas práticas na gestão e implementação de planos de desenvolvimento nacional”.
“Há várias instituições alemãs que recebem fundos do Governo mas existe uma coordenação muito precisa entre elas em termos de implementação e objectivos pretendidos. Nós em África não temos isso”, afirmou.
“Uma das questões que me preocupa nesta narrativa africana sobre a construção das nossas instituições é saber como gerar conhecimento que transforme estas instituições. Porque será necessário recorrer sempre a instituições como Harvard e Cambridge quando temos em África instituições de excelência?”, questionou.
“Já é altura de os líderes africanos investirem nas nossas instituições académicas para se gerar conhecimento e promover os nossos cientistas, ligando o conhecimento às realidades (dos nossos países)”, afirmou.
De acordo com Graça Machel, “temos muitas centenas de estudos de pesquisa a apanhar pó” que não são utilizados na resolução dos “problemas de África”, acrescentando que “ainda assim vamos às instituições do norte à procura de conhecimento que tem sido desenvolvido com base no que pretendem pesquisar sobre o continente, enquanto que a iniciativa deveria ser nossa”.
Na opinião de Graça Machel, “os governos (africanos) estão mais preocupados com mandatos de cinco a dez anos”, quando é exigida “uma perspectiva a longo prazo”.
“Este é o tipo de contribuição que o sector privado e a sociedade civil podem fazer na discussão com o Governo porque o que precisamos em África é de investimento e não de soluções rápidas que ajudem numa reeleição.”
Fonte: Noticiasaominuto