A Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou para a necessidade de reduzir desigualdades no acesso a uma boa higiene das mãos e outras medidas de prevenção e controlo de infeções nos países mais pobres.
No Dia Mundial da Higiene das Mãos (5 de Maio)a OMS lançou um portal de monitorização ‘online’ que ajudará os países a identificarem as falhas e a resolver os problemas.
Em comunicado de imprensa, a organização considera que a higiene das mãos é “um sério desafio a qualquer momento”, mas sublinha que a pandemia de Covid-19 “mostrou dramaticamente quão importantes as boas práticas de higiene das mãos são na redução do risco de transmissão, quando usadas como parte de um pacote abrangente de medidas preventivas”.
Uma boa higiene das mãos “também é vital na prevenção de quaisquer infeções adquiridas nos cuidados de saúde, na propagação da resistência antimicrobiana e outras ameaças emergentes à saúde”, insiste.
A OMS frisa que a infecção adquirida durante a prestação de cuidados de saúde é “um grande problema de saúde global”, mas lembra que os doentes nos países subdesenvolvidos têm duas vezes mais probabilidade de se infectarem nessas circunstâncias do que os dos países mais ricos (15 por cento e 7 por cento, respectivamente).
O risco em unidades de cuidados intensivos, principalmente em recém-nascidos, é entre duas a 20 vezes maior, refere a OMS, explicando que, nalguns países subdesenvolvidos, apenas um em cada 10 profissionais de saúde pratica a higiene adequada das mãos enquanto cuida de pacientes com alto risco de infecções associadas aos cuidados de saúde nestas unidades porque “simplesmente não têm instalações para isso”.
A OMS diz que a falta de recursos financeiros e a falta de condições das infraestruturas são os principais desafios para melhorar nesta área, referindo que o relatório de balanço global de 2020 sobre o programa WASH (lavagem de mãos) em unidades de saúde revela que, globalmente, uma em cada quatro unidades de saúde não tem serviços básicos de água e uma em cada três tem produtos suficientes para higienizar as mãos.
De acordo com o relatório da OMS que abrange 88 países, o nível de progresso dos programas de higiene das mãos e prevenção e controle de infeções foi significativamente menor nos países subdesenvolvidos.
Em 2018, apenas 45 por cento dos países mais pobres tinham um programa nacional deste género implementado, em comparação com 53 por cento a 71 por cento dos países mais ricos. O orçamento definido para este programa estava apenas disponível em 5 por cento dos países subdesenvolvido, comparando com entre 18 por cento a 50 por cento dos países mais ricos.
Embora existissem diretrizes nacionais sobre práticas de higiene e desinfeção das mãos em 50 por cento dos países subdesenvolvidos e entre 69 por cento e 77 por cento dos países mais ricos, apenas 20 por cento e entre 29 por cento a 57 por cento, respectivamente, tinham planos e estratégias de implementação.
No geral, apenas 22 por cento de todos os países monitorizaram a aplicação e o impacto destes programas.
Assumindo que poucos países têm capacidade para monitorizar estes programas com eficácia, a OMS considera que o primeiro portal agora lançado “é uma plataforma ‘online’ protegida para os países recolherem dados de uma maneira padronizada e fácil de usar e fazer o ‘download’ das suas análises após a introdução dos dados, juntamente com conselhos sobre diversas áreas e abordagens para melhorias”.
Os dados da OMS indicam que as infeções adquiridas nos cuidados de saúde afectam todos os anos milhões de doentes e profissionais de saúde em todo o mundo. Quase nove milhões são registadas todos os anos só na Europa.
Metade destas infecções pode ser evitada com a implementação de práticas e programas eficazes, incluindo estratégias de melhoria da higiene das mãos. Essas estratégias também podem evitar três em cada quatro mortes relacionadas com as infeções que ocorrem em unidades de saúde, refere a OMS.
“Investir em estratégias eficazes também pode gerar retornos financeiros significativos. A implementação de políticas de higiene das mãos pode gerar uma economia em média 16 vezes superior ao custo da sua aplicação”, acrescenta.