Pouco futebol em Moscovo, na abertura do mundial 2018. Nada que surpreenda. É esta a consequência natural do encontro entre duas formações medianas. É que as equipas medianas produzem futebol abaixo da média. Talvez mesmo ao nível de “pequenas”. Mas, neste caso, surpreende a quantidade de golos. Aqui, sim, acima da média. Golos drenados aos “Barris”.
O que sai de barris – escusado dizer que não estamos a falar de petróleo – escorre pela goela abaixo, mas é na cabeça que faz efeito. Desta vez, não, por duas vezes (Gazinskiy11’ e Dzyuba 71’), a cabeça fez efeito sobre a bola, conduzindo-a para as redes sauditas. Os árabes, embora com futebol de pé para pé, nunca conseguiram incomodar os russos. Sequer conseguiram reagir quando sofreram – e sofreram sempre.
Na tribuna – com Vladimir Putin e Gian Infantino – Salman bin Abdulaziz, o rei da Arábia Saudita, percebeu que a tarde seria mais dolorosa que o jejum muçulmano. Nessa altura, já se tinha dado conta da presença de um outro rei em campo. Sheryshev entrara a meio da primeira parte e ao fim da mesma colocara o anfitrião a vencer por 2-0. Na retina, fica o genial gesto técnico com que tira dois opositores antes de marcar.
O caprichoso pé esquerdo de Sheryshev voltaria a pôr o estádio em ebulição, com um golo de trivela, já no cair do pano. Pano que deixou à descoberto o buraco, na barreira, que foi aproveitado por Golovin para colocar o esférico na gaveta. 5 – 0, fruto do modo Put(in) e da confrangedora mansidão dos árabes.
Mantém-se a tradição. Os anfitriões não perdem em jogos inaugurais. Mas Rússia fez muito mais. Abriu excelentes perspectivas de passar a fase a eliminar. Sabe, porém, que facilidades acabaram. Nem Egipto, nem Uruguai são “Frakov’s”.