Mocímboa da Praia comemora 62º aniversário da vila sob condição de região inóspita

Mocímboa da Praia comemora 62º aniversário da vila sob condição de região inóspita

Com ruas vazias, edifícios públicos e privados vandalizados e outros destruídos, mercados e bairros residenciais abandonados, é assim como Mocímboa da Praia celebrou no último domingo, 7 de Março, a passagem dos 62 anos de elevação à categoria de vila. Pela primeira vez na história recente da vila, o aniversário não foi celebrado com a habitual cerimónia de deposição de flores na Praça dos Heróis.

Localizada na costa norte de Cabo Delgado, a vila municipal da Mocímboa da Praia era o mais importante centro urbano da província, depois da capital Pemba. Atravessada pela Estrada Nacional No 380 (EN380) que liga a turística baía de Pemba e a “capital” do gás (Palma), e servida por um aeródromo com capacidade para receber voos internacionais e por um porto, Mocímboa da Praia era a plataforma giratória que dinamizava os distritos do norte de Cabo Delgado.

O Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD) referiu que era ali, no aeródromo,  onde os trabalhadores das petrolíferas que operam na bacia do Rovuma faziam a escala ou trocavam o avião pelo helicóptero ou mesmo pelo carro e seguiam para o “el dorado” de Palma.

“Era ali onde os distritos vizinhos se abasteciam com todo o tipo de produtos e bens”, lê-se no documento enviado pelo CDD. Com o relançamento da cabotagem, Mocímboa da Praia seria paragem obrigatória dos navios que ligam Pemba e Palma (península de Afungi).

Mas desde a madrugada de 12 de Agosto de 2020 a vila deixou de ser aquela paragem obrigatória para quem viaja pela EN380. Foi naquela madrugada que um grupo de terroristas tomou de assalto o Porto da Mocímboa da Praia, até então último reduto das Forças de Defesa e Segurança (FDS) naquela vila municipal. O assalto ocorreu depois de intensos confrontos entre os fuzileiros da Marinha de Guerra e os terroristas, que já tinham protagonizado ataques em outros pontos da vila. O apoio aéreo solicitado aos mercenários do DAG foi ineficaz para neutralizar o assalto.

Após a tomada do Porto, os insurgentes passaram a controlar toda a vila, situação que precipitou a fuga das autoridades do Estado e dos residentes locais que ainda continuavam na vila depois do ataque de Março de 2020.

Segundo o CDD, Mocímboa da Praia virou uma vila fantasma, pilhada e destruída. A insegurança tomou conta da região e a EN380 foi fechada ao trânsito em toda a extensão que atravessa Mocímboa da Praia.

Depois de um longo período de silêncio, continua a organização, o Ministro da Defesa Nacional, Jaime Neto, anunciou, na primeira semana de Janeiro deste ano, que a Marinha de Guerra tinha recuperado o Porto de Mocímbo da Praia. “O Porto da Mocímboa da Praia não continua com o inimigo. Eles andam no distrito (vila), sim, um e outro, e se calhar promovem as suas actividades lá, mas a Marinha de Guerra fortificou o seu trabalho de fiscalização”. Mas as FDS nunca mostraram evidências de recuperação do Porto da Mocímboa da Praia.

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