Quem disse que as acções são mais sinceras que as palavras, provavelmente, acertou em grande. Colaboradores da Unicef demonstraram, na UEM (Universidade Eduardo Mondlane), que há muito tempo que o Governo e seus parceiros trabalham para melhorar a situação da criança no país, mas as medidas tomadas nunca saem do papel à acção. Como consequência disso, nada muda.
Só para se ter uma ideia, a estatística referente a desnutrição crónica de 43 por cento, em 2011, desceu para 42 porcento, em 2017. “Uma descida de apenas um porcento é insignificante, ilusório, terrível e implica que temos muitos desafios para reverter a situação,’’ lamentou Camilo Júnior, da Unicef em Moçambique.
Em relação aos desafios, Nelson Mendoça, um dos estudantes e participantes do evento, sublinhou que para melhorar o desenvolvimento da criança é preciso que seja feita uma abordagem holística, ou seja, há necessidade de intervenção de vários campos de saber. Nessa linha de ideia, deve-se ter em conta questões de hereditariedade, meio ambiente, convivência com os outros, entre outros factores que parecem micro, mas necessários quando observados em conjunto.
Sobre a desnutrição crónica, aqui colocada pelos palestrantes, quando se analisa a prática de boa alimentação, só para melhorar a alimentação da criança, os intervenientes devem incluir questões de higiene, seca, educação, nível económico da população, informação.
A higiene condiciona a propriedade dos alimentos, o nível económico condiciona o poder de compra, a informação condiciona a decisão dos pais sobre a alimentação dos filhos. Explicou.
“A participação do pai no desenvolvimento da criança é também de extrema importância, principalmente, nos primeiros seis anos, assim como na adolescência, daí que não se deve atribuir apenas a mãe esse papel,” referiu.
Comentando sobre a contribuição do homem para desenvolvimento da criança, um dos pontos amplamente debatido na palestra, o estudante sublinhou que, por exemplo, “o pai deve saber que a alimentação que consome e a bebida que possivelmente toma contribui na qualidade do espermatozóide produzido que vai condicionar algumas características no feto e no desenvolvimento da criança.’’
Não só, “é importante que o pai saiba a posição apropriada do peito na amamentação da criança, é preciso que saiba que depois do parto, a mulher fica fraca e o marido deve ajudar nas tarefas domésticas. É preciso que o homem, em conjunto com a mulher, acompanhe os estágios do desenvolvimento da criança, um processo que o papel da família, no sentido de tios, irmãos mais velhos, primos, avós, também é de extrema importância,” concluiu, enquanto recebia aplaudida dos participantes.
Lucca Solimeo, um dos dois palestrantes, acrescentando, disse que para além da família é necessária a intervenção conjunta da comunidade, escola, universidade, igreja centros culturais bem como instituições políticas.
A palestra, proferida na sala de estudantes do curso de jornalismo, na UEM, tinha como tema Desenvolvimento da Primeira Infância e Jornalismo.