Comemora-se hoje, (01/12) Dia Mundial de Luta Contra o SIDA. Há quem ainda pensa que SIDA não existe. É uma mentira espalhada nos países ‘’pobres’’ de África. Recentemente circulou uma informação nas redes sociais defendendo fortemente que SIDA é uma mentira criada para chantagear e controlar os pobres, principalmente de África. Ontem, no período da noite, Lupa News apurou que das 20 pessoas internadas naquele momento, num dos hospitais gerais do subúrbio de Maputo, 19 são seropositivos. [lupa News não identificou o nome do hospital geral por questão de responsabilidade].
Dados estatísticos de 2016 indicam que no mundo, 36,7 milhões de pessoas vivem com HIV, novos casos de infecçãos são de 1,8 milhões equivalentes a 5,000 novas infecções por dia. Não só. Pessoas vivendo com HIV e acesso a anti-retrovirais totalizam 20,9 milhões. Ainda ao nível do mundo, dos infectados – 70% sabem que têm a doença. Os referidos dados de 2016 indicam que as mortes relacionadas com a doença totalizam um (1) milhão.
No gabinete, uma pequena secretaria no fim do corredor, do primeiro andar, a enfermeira concordou de forma séria e breve que fazer teste de HIV-SIDA não é assim tão simples como derreter um pedacinho de bolacha entre a língua e o palato. Em seguida aconselhou as pessoas a fazerem teste de três em três meses. ‘’É importante para a saúde do indivíduo.’’
Na batina, cor verde, com a máscara encaixada no puxinho de cabelo, funcionária de Saúde que é, informou que ao longo dos quase 20 anos de serviço vive cenários em que muitos pacientes têm SIDA. Uns são mais responsáveis em não transmitirem para os parceiros. Outros, principalmente mulheres, pedem cartões de seronegativos para enganarem os parceiros.
‘’As pessoas, quando se trata de SIDA, nem sempre são sinceras. Antes desconfiar, depois convidar o/a parceiro/a juntos a efectuar o teste é sempre bom’’, sublinhou. ‘’Nós geralmente testamos os pacientes ao longo do internamento. O número de pessoas com HIV-SIDA é maior e a situação triste.’’ ‘’Esta situação vive-se não apenas no internamento, como também no banco do socorro’’, garantiu.
‘’Na verdade não são só mulher que transmitem. Os homens também. As mulheres acabam omitindo por medo de rejeição. Os homens geralmente não aceitam com facilidade’’, disse, com propriedade.
No meio da conversa, enquanto a enfermeira explicava, um dos internados saiu da sala para casa de banho, atravessou o corredor, arrastando uns chinelos, dos mais baratos do mercado, que criavam eco no corredor e nas salas. Uma mão segurava o litro do soro, outra segurava os calções com uma cintura larga mas sem cinto. Uma vez que naquela noite (ontem) dos 20 internados 19 eram seropositivos qual era a (triste) probabilidade do homem que arrastava os chinelos estar infectado? Houve silêncio entre o jornalista e a enfermeira. Esta olhou fixamente uma tesoura que estava por cima da secretaria num gesto improdutivo para disfarçar a inesperada aparição do paciente.
‘’É necessário fazer teste. Quando o resultado é positivo é bom porque a pessoa pode fazer tratamento, quando é negativo é melhor dado que a pessoa aumenta o nível de responsabilidade e protecção.’’ Comentou dando a entender que um resultado positivo é uma espécie de compra de bilhete para controlar a vida e um resultado negativo é uma espécie de segunda oportunidade que se é dada na vida e, quando é assim, há que viver a vida com maior responsabilidade.
O Dia Mundial de Luta Contra o SIDA, foi definido como o 1° de Dezembro com o objectivo do mundo unir forças para a conscientização sobre SIDA.