COVID-19: o pior cenário e o’’ jogo de cintura’’ do Governo

Os cerca de trinta milhões de moçambicanos vivem um filme dramático de novo coronavírus onde, infelizmente, desempenham papel de actores relevantes. Nestes ‘’papeis’’ são testados a viverem até ao final da estória. Mas a pandemia de novo coronavírus é uma realidade complexa, brincadeiras à parte, que parece ficção. O facto é que, enquanto os dias passam, as pessoas, devem cumprir com as medidas estabelecidas, que incluem evitar aglomerados, higiene, e os alunos que estão em casa devem permanecer lá para evitar enchentes nos transportes públicos, explicou, no recentemente, o Director Nacional Adjunto do Instituto Nacional de Saúde (INS), Eduardo Samo Gudo, na sequência da intervenção referente aos cálculos técnicos e científicos que o Governo, através da autoridade da sSaúde, está a trabalhar com vista a mitigar a epidemia de COVID-19. Muitos moçambicanos querem saber em que situação o país se encontra em relação ao perigo da pandemia.

Depois de Canal de Moçambique ter vindo ao público informar as estimativas (para que não se denunciasse a fonte) de casos testados positivos, o Governo, através do ministro da Saúde, veio, na mesma tarde de sábado (21 de Março), desmentir informando que não havia nenhum caso no país. Mas no dia seguinte o Governo veio a público confirmar, mas apenas indicou um único caso. Desde lá, ao longo de uma semana, quando o Governo decidiu dar informe diário sobre a pandemia no país os números saem em ‘’baixa pressão’’ não passando de dois casos diários. Há dias em que todos os testes dão resultados negativos.  Face a este cenário de dados, oficialmente de ‘’baixa pressão’’, a questão colocada as autoridades de saúde  é: em  que face estamos em relação a COVI-19 e, havendo, qual é o período de pico.

‘’Já não podemos nos colocar no contexto do pior cenário. O pior cenário é quando nenhuma medida foi colocada. Então este cenário já não está lá. Por exemplo, o impacto de COVID-19 ao encerrar as escolas, reduz em 25 por cento’’, respondeu, o Director Nacional Adjunto do Instituto Nacional de Saúde (INS), tendo acrescentado, ‘’então já estamos fora do pior cenário, mas estamos num contexto que ainda é preocupante.’’

 Segundo Eduardo Samo Gudo, o que os especialistas estão a fazer neste momento é desenhar o impacto dos vários contextos de modo que o sistema de Saúde do país não colapsa, que não haja muita transmissão activa num curto espaço de tempo, ‘’porque o impacto é catastrófico quando há uma transmissão activa e explosiva de que a maior parte dos indivíduos procuram os sistema nacional da Saúde num curto espaço de tempo. É isto que está ser feito neste momento. Então as medidas que já estão em implementação sob ponto de vista individual e colectivo têm como objectivo criar o melhor cenário possível’’, acalmou.

‘’O que nós queremos é reduzir a cadeia de transmissão de modo que a transmissão ela seja muito baixa com vista a evitar que haja um número grande de indivíduos padecendo da doença num curto espaço de tempo’’, repisou.

Eduardo Samo Gudo sublinhou que o Governo pretende reduzir o pico. Em vez de o país ter um pico com centenas de milhares de casos, passar a ter um pico muito menor e atrasar o mesmo. Por exemplo, em vez do pico ocorrer em Julho, uma vez pensar-se que sem nenhuma medida a maior parte dos países africanos alcançariam o pico em finais de Maio e inicio de Junho. Então o objectivo de Moçambique, além de reduzir este pico, é afastar o mesmo de modo que ocorra em Janeiro ou em Fevereiro do próximo ano.

‘’Porque é que é importante atrasar o pico? É para não termos um afluxo de indivíduos procurando os serviços da Saúde. Com o atraso do pico o sistema nacional de saúde ganha tempo para mobilização de recursos, fortalecimento do sistema, entender melhor sobre a epidemia. Como sabem, ainda há aspectos que não são conhecidos, para que apareça um medicamento (como sabemos há alguns candidatos que são promissores cujo os resultados estarão disponíveis em Abril). Se em Abril mostrarem-se resultados, seguem-se vários meses de produção em grande escala e isso pode levar quatro a cinco meses’’, partilhou o jogo de cintura no referente aos cálculos técnicos e científicos que o Governo moçambicano, através da autoridade da Saúde está a fazer para contornar as consequências catastróficas de COVID-19. ‘Nós estamos a dar tempo para que se identifique um candidato eficaz e se faça a produção em grande escala e que possa estar disponível para os moçambicanos. O mesmo para vacina. Atrasando o pico podemos dar o tempo para a descoberta da vacina e a vacina seja usada antes que o pico aconteça’’, acrescentou.

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