O Chefe do Estado em vez de sair, na passada sexta-feira, para fora do país devia desmarcar a viagem e estar na sala das operações para juntos dos assessores gerir o drama da região central do país, principalmente na cidade da Beira. Não só, outro aspecto preocupante, como Comandante-em-chefe das Forças de Defesa e Segurança devia mobilizar os militares que estão armados nos quartéis para apoiar as vítimas na Beira no momento dos acontecimentos, até porque eles, os militares, estão melhor preparados para enfrentar este tipo de desastres.
Em outros desenvolvimentos sobre zona centro, informação actualizada, mas ainda não confirmada pelo Lupa, indica que Beira já dispoe de serviços da telefonia da Movitel desde manhã desta segunda-feira.
Até a noite de ontem, domingo, informação sobre o drama do ciclone IDAI na zona centro do país e uma parte de Inhambane estava em actualização. A imprensa nacional e internacional noticiou a morte de 68 pessoas, do ciclone IDAI, que teve registos intensos a partir da noite de quinta-feira (14 de Março).
Na manhã de hoje, segunda-feira, o Instituto Nacional de Gestão das Calamidades (INGC) informou que o número de mortes subiu para 84, 1500 feridos, somente na província de Sofala, centro de Moçambique.
O ciclone IDAI na Beira teve o seu momento mais intenso na noite de quinta-feira. Mesmo assim, no dia posterior, sexta-feira, Filipe Nyusi viajava para o vizinho reino de Eswatini, deixando para atrás a tragédia do centro do país. Muitos criticaram, duramente e decepcionados, o Governo sobre o que é mais importante, se assuntos nacionais em momentos de desastres e mortes ou se assuntos internacionais relacionados com a diplomacia. “Houve um erro de cálculo do governo em torno da situação”, disse Eduardo Namburete.
O respeitado académico respondia a uma pergunta de insistência do programa Pontos de Vista, da STV, se o Chefe do Estado agiu mal ao viajar para fora do país deixando a zona centro praticamente destruída pelo ciclone IDAI. “Não é necessário abrir livros para esclarecer ou decidir nessas circunstâncias. Isso é como quando há problemas graves em casa e o pai de família tem outros assuntos a resolver. Claro que como pai procura adiar outro assunto para ficar e ajudar a resolver os assuntos de casa. O Chefe do Estado, também Comandante-em-chefe, devia ficar na sala das operações com seus assessores a gerir a situação apesar de se conhecer a importância dessa viagem nas relações internacionais, é bom que (Filipe Nyusi) ficasse”, disse, convicto.
A sala das operações podia estar em qualquer ponto de Maputo ou Beira, o mais importante era que Filipe Nyusi estivesse dentro do país, onde é “empregado” e o povo “patrão”, enfatizou Lutero Simango.
“Não digo que o Chefe do Estado agiu mal. Mas houve um erro de cálculo sobre o que era necessário, se ficar por perto a resolver problemas nacionais ou viajar e estar a tratar de assuntos internacionais”, explicou, Namburete, respeitado deputado da Renamo.
Sobre as acções antecipadas por parte do governo para reduzir os efeitos negativos do ciclone IDAI tanto Eduardo Namburete – da Renamo, como Lutero Simango – do MDM concordam que de facto houve esforço em alertar as pessoas para estarem preparadas, mas o que lhes preocupa é o facto das acções ficarem apenas no espaço da alerta. Os mesmos, entendem que o governo devia retirar maior número de pessoas para lugares seguros. Depois das calamidade as pessoas poderiam regressar para reconstruir o que encontrariam e assim (o governo) reduziria os danos, principalmente das vítimas mortais.
Outro aspecto que preocupa Namburete e Simango foi a falha de Filipe Nyusi em não mobilizar militares para Beira no momento da ocorrência dos acontecimentos. “Não vi o papel dos militares durante a ocorrência do ciclone. Em situações dessa natureza os militares que estiveram armados no quartel deviam sair para o local do ciclone porque estão preparados para enfrentar estas situações, tal como estão formados para estar entre as balas em tempo de guerra”, disse Namburete. “o Chefe do Estado fez mal em manter a viagem, devia ficar e mobilizar os militares para socorrer as pessoas na Beira e noutros locais devastados pelo ciclone IDAI”, apoio Simango.
Mortes e feridos por ventos e chuvas fortes
A imprensa nacional e internacional avançou, até domingo, a morte de 68 pessoas (55, na Beira e 13, em Dondo) e o ferimento de mais de 1500. Enquanto isso, de acordo com o site ISTOÉ o ciclone IDAI causou a morte de 100 pessoas em Moçambique e Zimbabwé, por onde passou. Em Moçambique causou mais de 100 feridos e 17 100 deslocados nas províncias da Zambézia, Sofala e Tete. Na Zambézia, o ciclone devastou Chinde ( distrito propenso a inundações), onde 1.192 pessoas foram afectadas e 84 casas inundadas. Em Manica 127 casas, 36 salas de aulas e duas unidades de saúde foram danificadas ou destruídas.
Retrato da Beira pós-ciclone IDAI
Um rescaldo preliminar de destruições na Beira, o centro das atenções, indica que ainda está as escuras e de acordo com um colaborador da EDM, tal apagão poderá manter-se por mais ou menos 15 dias porque os postes, PT, cabos estão destruídos ou submersos. Parte do Hospital central da Beira ficou sem cobertura, as residências e hotéis foram descobertas dos seus telhados, outras ruíram. Muitas infraestruturas privadas e estatais foram danificadas. As avenidas, vias, ruas e estradas ficaram intransitáveis, outras dificilmente transitáveis por conta das quedas de árvores, postos, telhados. As redes de telefonia praticamente pararam de funcionar.
Informação actualizada indica que Beira jõ dispoe de serviços da telefonia da Movitel desde manhã desta segunda-feira. O governo está receber ajuda de todos os lados para apoiar as vítimas das calamidades naturais.