Opinião de Sérgio Raimundo – Militar
Esse archote, espetado nesse balde sujo, é a tocha da chama da unidade nacional. O seu transporte, em todo o país, vai custar 30 milhões de meticais. Isso mesmo: 30 milhões de meticais. Trinta milhões de meticais…
Se essa chama, pelo menos, fosse capaz de queimar a pobreza que anda por aí, se fosse capaz de provocar uma queimada descontrolada que acabasse com a vegetação seca de fome que se expande todos os dias nas nossas mesas, se fosse capaz de queimar o mosquito da malária que transforma crianças em defuntos que babam leite nas aldeias! Se, pelo menos, fosse capaz disso…
Trinta milhões de meticais! É obesa demais a nossa pobreza tão rica. De certeza, há um gabinete que foi criado para coordenar a chama; um gabinete com todos os cargos: um PCA da chama da unidade, uma secretária do PCA da chama, um director nacional do percurso da chama, um contabilista das despesas da chama e um responsável pela manutenção da chama. Muitos milhões!
Trinta milhões de meticais que podiam servir muito bem àquelas famílias que, bem ao lado da cidade de Maputo, fazem escalas com o gado para beberem gotas de água turva nos charcos, famílias que nunca beberam água à torneira. Essa chama é mais importante que diversas famílias que temperam e guisam com sal capim em Mecanhelas, no Niassa.
São trinta milhões de meticais para uma chama. Se calhar a chama é para clarear, um pouco, o inferno escuro que tanta gente vive nele. Se calhar…