Jornalismo ao pormenor

A vida depois do “Eloise”

Por:  Valdo Mlhongo

O ciclone tropical “Eloise” irrompeu pelas regiões centro e sul do país, entre os dias 21 à 25 de Janeiro passado, deixando um rasto de destruição que atingiu as províncias da Zambézia, Sofala, Manica e Inhambane. Lupa News traz-lhe o rescaldo dos estragos causados pela passagem do ciclone.

O alerta já tinha sido dado pelos serviços do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) e reforçado pelas autoridades governamentais. Quem acreditou na fúria da tempestade anunciada preparou-se para dias maus. Já havia a experiência  do ciclone Idai, ocorrido em Abril de 2019, que deixou o país, principalmente a província de Sofala, no centro do país, de rastos, com dezenas de mortes.

O ciclone tropical “Eloise” entrou no canal de Moçambique no dia 21 de Janeiro do ano corrente, vindo do Madagáscar. Os efeitos da tempestade, com o alerta do INAM, se advinhavam ao longo da faixa costeira. Alguns distritos da província da Zambézia já registavam chuvas intensas, ventos fortes e descargas eléctricas atmosféricas.

As autoridades Governamentais na Zambézia, por exemplo, prepararam-se para o pior.  Mensagens chave da chegada do ciclone “Eloise” a cidade de Quelimane foram difundidas. No posto administrativo urbano número 2 na autarquia de Quelimane cerca de 30 unidades residências ficaram gravemente afectadas com a passagem do vendaval “Eloise”, refere o chefe de um dos Postos Administrativos da Autarquia de Quelimane,  Álvaro Velichane. Velichane enumerou os bairros mais afectados por onde passou como sendo os de Icidua, Sangariveira e Murrompwe e, solicitou desta forma apoios da comunidade religiosa, empresarial e, a sociedade civil em géneros alimentícios e material de construção para fazer face as necessidades que imperam na cidade dos Bons Sinais por causa da tempestade.

O ciclone “Eloise” chegou a evoluir para tempestade tropical severa de categoria 2, com pressão no centro em torno de 980hPa, diâmetro de 900km e rajadas máximas de vento em torno de 160km/h; provocou uma destruição profunda e transversal por onde passou: só na província de Zambézia os dados preliminares do Instituto Nacional de Gestão e Redução dos Desastres de Risco (INGND) apontam para 2830 famílias afectadas, um óbito, 1306 casas totalmente destruídas e 144 inundadas. Fora dos danos humanos, há também matérias: 60 Salas de aulas totalmente destruídas, 14 unidades sanitárias parcialmente destruídas e mais de 500 hectares de agricultura de subsistência ficaram inundados, no distrito de Luabo.

O ciclone tropical atingiu a costa de Sofala no dia 23 de Janeiro, com o epicentro no distrito de Buzi, com ventos de cerca de 120km/h e rajadas até 150km/h e chovas fortes afectando, as províncias de Manica, Sofala, Zambézia e Inhambane.

Em Sofala, para além da cidade da Beira, o distrito de Buzi foi o mais afectado e na segunda-feira (18 de Janeiro) estava submerso em uma vaga de inundações que causou mortes, feridos e afectou centenas de pessoas.

Em Manica o ciclone ‘’Eloise’’ arrasou quatro distritos: Mossurize, Machaze, sussundenga, Macate e afectou centenas de famílias tendo tendo destruido muitas infraestruturas entre outros bens.

Eloise é o segundo ciclone a atingir o centro do país. o segundo foi o Chalane. Mas antes, as pessoas já tinham passado a terrível experîencia do Idai-ocorrido em Abril de 2019.

Acções em curso   

Face ao fenómeno, o Instituto Nacional de Gestão de Desastres, criou 21 centros de acomodação nas últimas 24 horas nas províncias de Manica e Sofala, onde estão abrigadas, mais de 6.500 pessoas. O INGND evacuou nos últimos dias 4246 pessoas nesses locais. “As autoridades dizem que estão disponíveis para dar resposta no que diz respeito a ajuda humanitária necessária, por isso estão actualmente nos vários locais 67 homens para busca e salvamento dos afectados, um helicóptero, 32 barcos, cinco drones, 12 camiões, 10 agências humanitárias, dois telefones satélites e duas avionetas”.

No sector da Educação, apesar da destruição das salas de aulas, há garantias de que os exames irão decorrer sem sobressaltos, dada a colaboração com os pais no trabalho de reposição das coberturas das salas, assim como a identificação de salas alternativas. Esta garantia referente a realização dos exames é alvo de críticas por parte de algumas vozes da sociedade que entendem que nas regiões afectadas muitos alunos poderão não estar em condições para a avaliação escolar. (Lupa News)

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